Maior marcha militar do mundo, a pilar Prestes, que alguns historiadores dizem que mais apropriadamente deveria ser chamada de pilar Miguel Costa – Prestes, completa 100 anos nesta segunda-feira (28). Com 1.500 homens e mulheres, a maioria soldados de baixa patente, a marcha percorreu murado de 25 milénio quilômetros, em dois anos e meio, passando por vários estados, e nunca chegou a ser oficialmente derrotada.
Apesar de mais conhecida uma vez que Pilar Prestes por pretexto de seu líder mais famoso, Luís Carlos Prestes, o movimento rebelde teve também o comando de Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa. Prateado naturalizado brasílico, militar da Força Pública de São Paulo, ficou notabilizado por sua participação na Revolta Paulista de 1924, conflito entre militares de São Paulo e o governo de Artur Bernardes, embrião da pilar. Por isso, muitos nomeiam o famoso movimento uma vez que Pilar Miguel Costa – Prestes.
“Se não fosse Miguel Costa, não existiria Luís Carlos Prestes na história, pois foi a pilar Miguel Costa que salvou da inópia e do indiferente os gaúchos de Prestes”, disse o jornalista Yuri Abyaza Costa, responsável dos livros Miguel Costa, um herói brasílico e Marchando com Miguel Costa – ação da Pilar Paulista no Interno de São Paulo, Paraná e a relação com a Pilar Prestes. Yuri é neto de Miguel Costa.
Yuri Abyaza refere-se ao incidente quando, derrotados na Revolta Paulista pelas forças do governo federalista, os revoltosos paulistas juntaram-se aos comandados por Prestes, que liderava o ajuntamento no Rio Grande do Sul, que estaria com seu passageiro bastante debilitado física e militarmente. A partir daí, iniciou a marcha da famosa pilar, caso mais emblemático do que ficou publicado uma vez que “Tenentismo”.
Se Miguel Costa era o estrategista militar da Pilar, Prestes, por seu lado, é lembrado pelo seu lado mais “humano” junto aos comandados, conforme prova do jornalista Domingos Meirelles, ao programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, exibido em 2015. Meirelles, responsável do livro As Noites das Grande Fogueiras, também sobre a Pilar, disse que “Prestes era muito querido pela tropa”.
Segundo o jornalista, “ele usava alguns horários livres para alfabetizar os soldados, ficava sempre ao lado daqueles que eram vítimas de ferimentos graves e com chances remotas de sobreviver”. Meirelles lembrou ainda que, apesar de o principal opoente da Pilar ser o Tropa Brasílio, os maiores inimigos da pilar no dia a dia das batalhas foram os latifundiários, “que armando os seus capangas, incentivados pelo governo, formaram os chamados batalhões patrióticos”. “E aí é que começa realmente a desgraça dos jovens rebeldes. Esses homens do campo é que infernizaram a vida da pilar muito mais do que o Tropa Brasílio”, completou.
Mas o movimento nunca chegou a ser efetivamente derrotado. A pilar Prestes (ou Miguel Costa-Prestes) foi marcada pelo paisagem insurrecional contra o poder das oligarquias das primeiras décadas do século pretérito, a chamada política do moca com leite, quando se revezavam na Presidência da República políticos da São Paulo cafeeira e Minas, grande produtor de leite. Também ficou conhecida pela formação de seus quadros, militares dos escalões inferiores do Tropa sendo muitos deles analfabetos ou semiletrados e trabalhadores do campo.
O jornalista e historiador, especializado no período, Moacir Assunção, responsável de São Paulo deve ser destruída: a história do bombardeio à capital na revolta de 1924, comentou que “a Pilar tem o lugar que merece (na História do Brasil), foi a maior marcha militar da história do mundo, com 25 milénio quilômetros percorridos e a roteiro de 11 generais da validade pelos rebeldes, permanecendo invicta durante todo o tempo e inspirando revolucionários uma vez que Mao Tse Tung e Fidel Castro, que confessam a inspiração de suas marchas na Pilar Miguel Costa-Prestes, além de ter influenciado no término da chamada vocação agrária do Brasil, que passou a se tornar um país industrial depois da vitória da Revolução de 1930”.
As principais reivindicações da Pilar eram a implementação do voto secreto (contra o chamado “voto de cabresto”, praticado à era quando os chefes da política lugar controlavam o voto da população lugar), a resguardo do ensino público e a obrigatoriedade do ensino secundário para a população, somando-se as bandeiras do término da miséria e da injustiça social no país.
“A grande força da pilar foi sua associação com as bandeiras populares que ela defendia, uma vez que o recta ao voto universal, o recta à alfabetização, a reforma agrária, o término da pobreza e ter conseguido transmitir esse ideal de que era preciso trazer o Brasil para os brasileiros”, disse a socióloga, observador política e escritora Ana Prestes, neta do revolucionário, que se tornou a principal referência do movimento comunista do país e uma das personalidades políticas mais influentes do século pretérito.
“A Pilar foi formada por homens e mulheres (poucas e resistentes) que amaram o Brasil por dentro e que se conectaram com a população brasileira abandonada pela República Velha”, completou Ana.
Uma vez que o movimento nunca foi, de vestuário, debelado pelo poder solene sua legado foi ter deixado o governo oligárquico com suas bases enfraquecidas. As críticas manifestadas pelos integrantes da Pilar, ecoadas por outros setores políticos dissidentes da sociedade, foram reforçadas.
E também contribuiu fortemente para a revolução de 1930, ou Revolução de Outubro, ocasião em que os governos rebeldes de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, deram um golpe de estado tirando o portanto presidente Washington Luís da presidência da República e impedindo a posse de seu substituto Júlio Prestes. Getúlio Dornelles Vargas, militar e político do Rio Grande do Sul, inaugurando a chamada “era Vargas”, período que foi de 1930 a 1945, sendo que de 1937 a 1945 instalou a ditadura do Estado Novo.