O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reconheceu que seu exposição na superfície da segurança pública teve impacto na elevação da violência policial no estado. Em evento na noite desta sexta-feira (7), o governador afirmou que quando o direcionamento é inverídico, as consequências são erradas. A fala de Tarcísio ocorre em meio a uma série crescente de denúncias de ataque de poder e homicídios cometidos por policiais no estado de São Paulo e registrados em câmeras.
“Os erros que a gente comete têm revérbero. E tem hora que a gente tem que parar para pensar, fazer uma profunda reflexão e ver onde é que nós estamos errando. Por que é que nós estamos errando? Onde é que nós erramos no exposição? E aí eu concordo com a professora Joana, o nosso exposição tem peso. E, às vezes, se a gente erra no exposição, a gente dá o direcionamento inverídico e a gente traz consequências erradas. E isso é fácil de ser percebido, hoje”, disse em evento no Instituto Brasílico de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), na capital paulista.
Tarcísio se referiu à professora Joana Monteiro, coordenadora do Meio de Ciência Aplicada à Segurança Pública da Instalação Getúlio Vargas (FGV), que havia falado antes dele. Segundo ela, a retórica das autoridades têm efeito preponderante sobre os policiais e discursos populistas sobre uso da força acabam por se voltar contra a própria tropa.
“O que os senhores falam importa muito, absurdamente. A mensagem que vocês passam para as pessoas e para a tropa tem um efeito, às vezes, muito maior do que qualquer aparelho tecnológico. O policial da ponta é talvez os que mais sofrem com isso. E discursos populistas de que pode-se usar a força unicamente, quem mais sofre com isso é o policial na ponta, porque ele vai desabar e quem vai ser responsabilizado criminalmente depois é ele. É a vida dele que vai completar se isso acontece”, disse.
O governador assumiu ainda que não tem respostas sobre porquê lastrar seu exposição para que não pareça um “salvo-conduto” aos policiais e, ao mesmo tempo, garanta que as normas de segurança sejam cumpridas. “Uma vez que modular o exposição para prometer, de vestimenta, segurança jurídica, mas também o atendimento às normas, o atendimento aos procedimentos operacionais? Uma vez que não permitir o descontrole? Uma vez que deixar evidente que não existe salvo-conduto? Portanto, observem que eu tenho, no final das contas, uma série de dúvidas. Não tenho respostas”.
O posicionamento do governador se alterou desde o início do ano. Em março, Tarcísio havia afirmado, ao ser questionado sobre o aumento da violência policial na Baixada Santista, que não estava “nem aí” para as denúncias de que estavam ocorrendo abusos na meio da Operação Verão, deflagrada pela Polícia Militar no litoral. O número de pessoas mortas por PMs em serviço na região havia aumentado mais de cinco vezes nos dois primeiros meses do ano.
“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU [Organização das Nações Unidas], pode ir na Liga da Justiça, no relâmpago que o parta, que eu não tô nem aí”, disse a jornalistas.
Câmeras
Tarcísio voltou a expor que se arrepende de seu posicionamento sobre o uso de câmeras corporais pelos policiais. Desde o primícias de seu procuração, em 2023, o governador se mostrava contrário ao uso do equipamento.
“A política de câmeras é uma política que eu particularmente me arrependo muito da postura reativa que eu tive lá detrás. Essa postura vem da percepção que aquilo poderia tirar a segurança jurídica do agente ou mesmo ocasionar indecisão no momento em que ele precisava atuar”.
“E hoje eu percebo que eu estava ludibriado. Hoje eu percebo que ela ajuda o agente da segurança pública, eu percebo que ela é um fator de contenção e nós precisamos sim de contenção”, disse.
Pesquisas já mostravam, no primeiro ano de procuração do governador, que, depois que a Polícia Militar de São Paulo passou a adotar câmeras corporais portáteis nos uniformes de alguns agentes, a mortalidade provocada por policiais em serviço caiu.
Pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Puerícia (Unicef) e o Fórum Brasílico de Segurança Pública (FBSP), divulgada em maio de 2023, mostrou que, posteriormente a adoção do dispositivo, a queda na mortalidade policial foi de 62,7% no estado, passando de 697 mortes em 2019 para 260 em 2022.