Professor Alcides diz que deixou o DE para se dedicar à sua defesa após suposto
vídeo com adolescente: ‘Editado para manchar minha honra’
Deputado continua a exercer cargo na Câmara Federal. Ele diz que imagens são
montagens realizadas por ‘tecnologias sofisticadas’.
Professor Alcides explica saída do DE após denúncia de pedofilia
O deputado federal Professor Alcides (sem partido) diz que deixou o DE para se
dedicar à sua defesa após divulgação de um suposto vídeo íntimo com um
adolescente. Em postagem nas redes sociais (assista acima), ele disse que tem
sofrido ataques e perseguição política injustamente. O caso veio à tona após a
mãe do adolescente denunciar envolvimento sexual do parlamentar com o garoto.
“Tenho sido vítima de mentiras e de ataques baseados em montagens de imagens e
de vídeos falsos, criados com o uso de tecnologias sofisticadas em uma clara
tentativa de manchar a minha trajetória e honra”, disse o parlamentar.
O vídeo de anúncio da saída do partido foi publicado na terça-feira (28). Nele,
Alcides fala que a decisão não interfere em sua atuação parlamentar e que o
afastamento é necessário para que ele possa se dedicar integralmente “à busca da
verdade”.
“Esta decisão não significa renúncia à minha militância política (…).
Continuo exercendo o meu mandato com a mesma seriedade de sempre, fiel à
confiança dos milhares de eleitores que represento”, afirmou.
Professor Alcides disse ainda que tem enfrentado preconceito e homofobia. Após
ser denunciado por envolvimento sexual com um adolescente, o parlamentar
publicou uma carta em que assumiu sua homossexualidade.
Em nota, a assessoria de Alcides disse que a desfiliação do deputado foi uma
decisão pessoal, acatada pela direção nacional do partido. A defesa do professor
informou ainda que denunciou o vídeo às autoridades competentes.
O advogado do DE Goiás, Leonardo Batista, declarou à TV Anhanguera que o partido
liberou Alcides sem entrar em detalhes sobre o caso “em respeito ao professor”.
Leonardo disse também que o partido teve acesso às imagens que supostamente
seriam de Alcides com o adolescente, mas que, por elas, não é possível afirmar
nada.
“O que temos são imagens vazadas em redes sociais, em alguns canais de
comunicação, de uma pessoa de costas. A gente não sabe com certeza se é o
Professor Alcides”, declarou o advogado.
O DE tentou contato com a Polícia Civil na tarde desta quarta-feira (29) para
saber se o vídeo está sendo investigado, mas não obteve retorno até a última
atualização desta reportagem.
SOBRE A DENÚNCIA
De acordo com denúncia apresentada pela mãe do adolescente, o suposto
envolvimento com Professor Alcides aconteceu em outubro de 2021, quando o garoto
tinha 13 anos.
A mulher, que não foi identificada, disse que o filho e outros jovens foram até
à casa do deputado para participar de uma seleção para um clube de futebol
goiano sub-16. Alcides já foi dirigente e patrocinador do clube em questão e,
por isso, a “peneira” foi realizada na casa dele.
Ela relatou que, conforme contou o adolescente, Alcides pediu que o jovem
ficasse na casa, enquanto os outros fossem para o campo de futebol, que fica
dentro do condomínio.
A mãe disse que o deputado beijou e tocou o garoto por dentro da roupa, de
acordo com o adolescente. Alcides teria chamado o menor para um quarto, mas o
garoto se negou a entrar e a fazer sexo com o parlamentar.
O adolescente contou para a mãe que, duas semanas depois, ele voltou até a casa
de Alcides e “teve conjunção carnal” com o deputado.
INVESTIGAÇÃO
O caso veio à tona depois que a mãe do adolescente foi à polícia denunciar que o
filho tinha sido ameaçado com arma de fogo por seguranças de Professor Alcides.
Eles também roubaram o celular do garoto, denunciou a mãe.
No dia 12 de dezembro de 2024, a polícia cumpriu mandados contra três assessores
do deputado suspeitos de roubar os celulares e ameaçar o adolescente. As prisões
aconteceram em Aparecida de Goiânia.
De acordo com a polícia, o roubo contra o adolescente aconteceu em novembro de
2024. Na ocasião, os três investigados foram de carro até a casa do garoto e, de
dentro do veículo, teriam ameaçado e roubado o celular do adolescente.
Ao DE, a defesa de um dos assessores de Alcides, que é policial militar, disse
que a inocêndia dele será provada em juízo. A reportagem tentou contato com a
defesa dos outros dois envolvidos para um posicionamento atualizado, mas não
obteve retorno até a última atualização desta matéria.
A Polícia Civil informou que os homens exigiram que o garoto informasse a senha
da nuvem de armazenamento para que pudessem acessar o conteúdo dos aparelhos do
adolescente.
As autoridades acreditam que eles queriam apagar arquivos que pudessem comprovar
algum envolvimento de Professor Alcides com o adolescente.
Em carta divulgada pelo deputado federal no dia 12 de dezembro, ele afirmou que
a sua orientação sexual está sendo usada como ferramenta para atingi-lo
politically.